O braço biônico, que usa inteligência artificial, possui um software que aprende quais movimentos ela faz com mais frequência e, com o tempo, torna mais fácil realizá-los
Sarah de Lagarde perdeu um braço e uma perna em um acidente de metrô, em 2022. Um ano depois, ela se tornou a primeira ‘mulher biônica com IA’ do mundo. A britânica recebeu um braço biônico de 250 mil libras (cerca de R$ 1,6 bilhão na cotação de hoje) e que usa inteligência artificial que opera lendo sua mente e convertendo os pensamentos em ‘contrações musculares’, antes de fazer o membro se mover.
De acordo com o The New York Times, o braço se conecta logo abaixo do ombro e deve ser carregado pelo menos uma vez por dia. Quando ela se move, sensores embutidos no braço direito rastreiam os movimentos musculares e enviam um sinal para sua mão realizar a tarefa. Quanto mais Sarah usa o membro, melhor se torna o software para prever o que ela está tentando realizar.
Sarah, que é mãe e dirige uma empresa de comunicações, agora se descreve como “80% humana e 20% robô”.
“Quando tivermos a oportunidade de mostrar às pessoas como a IA pode ser realmente útil para ajudar alguém, isso será extremamente positivo”, disse Blair Lock, fundador da Coapt, que desenvolveu o software de aprendizado de máquina usado no braço de Sarah.
Antes de receber sua prótese no ano passado, um processo que exige, Sarah passou meses visitando uma clínica em Londres para ajudar a treinar o software que eventualmente acionaria o braço. Com eletrodos fixados na extremidade do membro restante, perto do ombro, os especialistas disseram-lhe para pensar em fazer movimentos básicos, como girar a maçaneta de uma porta ou beliscar os dedos.
O processo aciona os seus músculos como se o braço ainda estivesse lá e forneça dados para ensinar a prótese como reagir quando ela fazia certas ações ou gestos.
“Levaria cerca de 10 segundos e muito poder cerebral para completar um movimento como abrir a mão”, disse ela. “Agora abro a mão e percebo que nem pensei nisso.”
A tecnologia não é perfeita. Sarah afirma que o desenho da prótese parece mais orientado para os homens. O peso, segundo ela, faz com que seu ombro e costas doam. Também não há função tátil para ajudá-la a sentir toques e texturas, por exemplo.
Ainda assim, Sarah ressalta que a prótese proporciona atividades que ele pensou ter perdido para sempre, como a sensação de novamente abraçar os filhos com dois braços.